sexta-feira, 15 de abril de 2011

Quer mudar de vida, pergunte-me como

Pra mim, esse deveria ser o título da palestra do Bernardo Fontes sobre o Dojorio, ao invés de "Quer aprender a programar? Pergunte-me como!". Por que apesar de ter melhorado muito minhas técnicas de programação, o que mais me marcou foi como tudo isso mudou a minha vida!

Para explicar isso é interessante mostrar o contexto das coisas. Fui ao meu primeiro Dojorio sem nem saber o que aconteceria ali. Vi um monte de calouros indo para uma sala, disseram que ia rolar programação, então eu fui. Não custava nada.

Naquele primeiro momento eu ainda não podia imaginar o quanto aquilo se tornaria importante pra mim. Achei a dinâmica interessante e tal. Como bom nerd, programar é sempre uma ótima forma de usar meu tempo. Mal sabia eu que naquela sala estavam pessoas com alto nível de conhecimento. Eram comuns, pareciam pessoas quaisquer. Afinal, por que alguém bem sucedido estaria numa faculdade, 19 horas de uma 5ª feira programando com uma bando de alunos?

Durante as conversas do pós-dojo que eu comecei a descobrir as "coisas". Naquela época eu estava prestes a ir trabalhar pela primeira vez como desenvolvedor e mal sabia eu que meu futuro "gerente" estava ali, no Dojorio, programando e bebendo uma cerveja no pós. Sem perceber, o Dojo me abriu portas para começar meu primeiro estágio num lugar sensacional, completamente diferente do que eu escutava sobre o mercado. Esta foi a primeira mudança feita pelo Dojorio na minha vida.

Assim que comecei a trabalhar, o Dojo começou a colocar suas garras de fora e mostrar como ele não era apenas uma dinâmica divertida. Comecei a reconhecer, no trabalho, diversos pontos do Dojo, como o TDD.

Naquela época me indicaram o livro sobre XP do Vinicius Teles, frequentador assíduo dos Dojorio's na UFF. Rapidamente me toquei de que o Dojo ia muito além do que eu podia imaginar. Ele era uma imersão completa em metodologias ágeis. A principio isso parecia muito legal, afinal de contas eu estava vivendo, no Dojo tudo que vinha lendo sobre XP. Mas então tudo começou a "dar errado".

No Dojo eu vivia as experiências do Agile, no pós-dojo discutia e trocava ideias sobre como desenvolver melhor, conhecia melhor a comunidade de desenvolvimento do Rio de Janeiro, muito foda diga-se de passagem. Mas no trabalho não era assim e com isso eu tive a triste decepção ao descobrir que nem tudo eram flores. Mesmo tentando, eu não conseguia levar o "dojo-experience" para meu trabalho, não rolava lá a mesma "paudurecência " que tinha no dojo.

No início eu não entendia por que isso acontecia na empresa. Lá tinha SCRUM com todas as suas reuniões, retrospectivas e papéis, tinha TDD, usávamos Ruby on Rails para desenvolver para web, mas mesmo assim. Cadê o tesão de desenvolver? Confesso que só respondi esta pergunta à pouco tempo. Dai a criação desse blog, com esse nome.

Como bom Dojeiro eu segui fazendo testes e marretando até entender exatamente qual era meu problema, tudo em baby-steps. Nesse meio tempo acabei mudando de empresa. No início, achei que tivesse achado a solução para meus problemas. Tudo parecia melhor do que eu havia feito antes.

Bem, o sonho não demorou muito para começar a acabar, de alguma forma eu voltei para o inicio, tínhamos TDD, SCRUM, pessoas legais e ar condicionado, mas e dai? Ainda faltava alguma coisa.

Mais uma vez, comecei de novo. Junto com Everton Moreth construímos do zero o StartupBase. Lá eu vi outros pontos, como Lean Startups, o Geting Real e vivi a experiência de desenvolver seu próprio produto. Mas mesmo com todos os métodos "Pica das galaxias" de agile que usávamos, ainda não era como Dojo. Novamente, como se fosse um carma em minha vida, as coisas começaram muito bem e terminaram muito mal.

Comecei a pensar que talvez o problema fosse comigo, 3 empresas e 3 decepções. Algo estava errado, e eu continuava em busca da mesma experiência do Dojo.

Enfim, eu consegui responder a minha pergunta: Porque por mais que os métodos ágeis como SCRUM e XP estivessem presentes nas empresas, não tinha o "Dojo-experience"?

A resposta é simples, os métodos são apenas regrinhas escritas. Não são precisos métodos e siglas que só focam no produto. É preciso compaixão entre as pessoas, pois todo o foco do bom desenvolvimento devia ser as pessoas e como elas se sentem. O métodos são ferramentas auxiliares e não devem ser usados como a base de tudo.

Em todos os lugares por onde passei eu sempre vi muitos métodos e pouca compaixão, faltava o atenção em quem está de fato na linha de frente, nós desenvolvedores, e por mais que eu já tivesse lido isso em muitos lugares foi preciso muito tempo, porrada e quedas para realmente compreender o que é isso.

Por isso o dojo mudou a minha vida, graças a ele eu descobri o que são metodos ageis, descobri que não basta só eles para ser feliz onde você trabalha. Descobri que o dojo só é o dojo por que todos que estão ali estão preocupados, uns com os outros, sem medos e preconceitos. Por isso que tanta gente FODA vai ao dojo. Idependente se são os caras pica-das-galaxias. Mas foi preciso que eu passasse por tudo isso, não adiantou tentar pular os degraus, no final das contas é preciso, passar cada teste um a um, vermelho -> verde -> refatora; sempre com baby-steps para conseguir chegar ao objetivo.

Hoje eu trabalho como sempre quis, e espero conseguir trazer cada vez mais pessoas para essa nova forma de desenvolvimento, onde a compaixão entre as pessoas é o melhor metodo ágil de todos!

Venham ao Dojo e como muitos falam, tomem a pílula vermelha e se deixem levar por tudo que ele pode te trazer de bom. Vale a pena sair da sua zona de conforto e mudar, mesmo que isso possa ser muito dolorido no inicio.

Conheçam melhor o Small Acts. E o mais importante Do it, do-it NOW!

7 comentários:

  1. Muito bom, é sempre bom saber das experiências alheias. Sucesso!

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  2. Esse é O Thiago! Totalmente excelente!

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  3. Grande Thiago, muito bom, sair da zona do conforto e entrar no oceano azul.
    Luizir

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  4. Só tenho uma duvida em relação à tese, se a paixão é realmente fundamental, por que o meu projeto(que não faltou paixão diga-se de passagem) não consegue à 8 anos sair da fase de desenvolvimento?

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  5. @Rafael,
    Na verdade meu post foi sobre a compaixão entre as pessoas de uma mesma empresa, para gerar um bom ambiente de trabalho. No caso de um projeto específico só paixão não basta. No seu caso, seria muito interessante parar para analisar o que de fato está impedindo seu projeto de ir produção e se tornar um produto excelente!

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  6. So corrige meu nome... Cara de pau... colocou meu twitter certo e meu nome errado.... ><

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  7. Muito bom o texto. Anima bem e mostra a essência da coisa!

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